quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
Assim, como resultado da deriva
continental durante o Fanerozóico, a Terra sofreu vários períodos de
extensa glaciação. Ao longo da maior parte do Mesozóico e início do
Cenozóico, o clima global era relativamente quente e uniforme, com poucas
variações entre as estações ou latitudes.
De acordo com o registro paleontológico
recente, esses eventos tinham profundos efeitos nas biotas terrestres e
marinhas. A Cordilheira dos Andes sofreu glaciação, mas a maior cobertura de
gelo foi no Chile e na Argentina. Em terra firme da Austrália não houve
glaciação, exceto por uma pequena cadeia de montanhas em Vitória e na África
apenas nas Montanhas Altas, do lado extremo sudoeste, e nas montanhas mais
altas do leste.
Três características da órbita terrestre
em torno do Sol mudam com o tempo, cada uma com uma periodicidade
característica. Essas mudanças são denominadas de Ciclos de Milankovitch devido
a seu descobridor. Os climas equatoriais eram tropicais, como são hoje,
mas os gradientes latitudinais na temperatura eram menos pronunciados e os
climas terrestres eram geralmente mais homogêneos. Devido à alta capacidade
térmica da água, a temperatura global dos oceanos variou apenas 2° ou3°Centre
os períodos glaciais e interglaciais. Por outro lado a circulação oceânica e
atmosférica mudaram substancialmente e a zonas climáticas se alteraram muito em
latitude e altitude a cada seqüência climática.
A reconstrução resultante das
temperaturas globais durante os últimos 2 milhões de anos revela que a Terra
sofreu pelo menos dez períodos glaciais principais, (isto é, períodos durante
os quais as temperaturas globais estavam pelo menos4°Cabaixo da temperatura
interglacial atual). Nesses tempos, as geleiras do Ártico expandiram-se pelas
pradarias e montanhas de latitudes médias na Eurásia e na América do Norte.
Antes dessas reconstruções recentes e de
alta resolução das temperaturas globais, os geólogos e paleontólogos
reconheciam apenas quatro ou cinco ciclos glaciais durante o Pleistoceno, cada
um deles identificado por evidências geológicas de suas extensões mais ao Sul
da América do Norte ou na Europa. Os ciclos glaciais-interglaciais do
Pleistoceno acarretaram mudanças não apenas na temperatura, mas em regimes
climáticos inteiros. Um efeito importante, mas frequentemente ignorado,
dos ciclos glaciais é que à medida que as zonas térmicas mudavam, novas
combinações de temperatura, ventos prevalescentes, correntes oceânicas e
precipitação criavam zonas climáticas sem análogas atuais. Os dados
paleoclimáticos também revelam uma forte associação entre eventos glaciais,
circulação de monções e precipitação. As monções são controladas por um
aquecimento solar diferencial da terra e do mar durante os verões quentes em
latitudes tropicais e subtropicais. Devido a sua baixa capacidade térmica, a
terra se aquece muito mais rapidamente do que a água. Massas de ar ascendentes
sobre a terra criam ciclos convectivos que puxam as massas de ar oceânicas para
o interior, causando forte precipitação de verão – a chuva de monções. Tanto as
mudanças eustáticas quanto as isostáticas durante o Pleistoceno influenciaram
fortemente a distribuição e a diversidade das biotas.Durante o início do
Holoceno ( entre 12.000 e 10.000 anos atrás ), por exemplo ,o Vale de São
Lourenço e os Grandes Lagos da América do Norte foram inundados com águas
marinhas do Atlântico. As mudanças climáticas associadas com a máxima
glacial provocou a expansão generalizada das estepes, savanas e outros
ecossistemas terrestres de cobertura aberta em detrimento de ecossistemas
fechados, especialmente tropicais úmidas. Como resultado, os eventos do
Pleistoceno criaram novos ambientes, nutrindo o desenvolvimento de novas
comunidades, enquanto outras comunidades desapareciam. As zonas climáticas
mudaram radicalmente, não apenas em localização e cobertura de área, mas também
na natureza de suas características (isto é, combinações de temperatura,
sazonalidade padrões de precipitação e condição do solo). Devido aos tipos
de vegetação superior ocorrerem nas proximidades dos picos mais estreitos das
montanhas, a área total coberta por esses biomas flutuo muito ,causando
extinções quando as populações estavam isoladas em áreas montanhosas
restritas.Nessas regiões montanhosas ,as oscilações de altitude variaram de 150
a 1.500 m entre os períodos glaciais e interglaciais e eram tipicamente muito
mais rápidas do que as oscilações latitudinais.Apenas o sul da Nova Guiné
,Queensland no nordeste da Austrália, exibiu uma mudança excepcional e rápida
de matas esclerofila para florestas úmidas entre o Pleistoceno Superior e 6.000
anos atrás. Em décadas recentes, um novo tipo de dados fósseis tem
sido utilizado para reconstruir a historia dos vegetais de uma complexa região:
as zonas desérticas do sudoeste semi- árido e árido dos Estados Unidos. Ratos
selvagens do gênero Neotoma são roedores
abundantes em habitats xéricos. Eles escondiam material de plantas em
grandes despensas subterrâneas, que às vezes estavam protegidas em cavernas ou
fendas nas rochas .Os restos dessas despensas tornam-se estruturas solidas
denominadas middens e persistem
por milhares de anos se conservados em ambientes seco.
Já os Lagos pluviais em regiões árida,
durante os períodos pluviais ,grandes lagos de água doce ou salinos se formaram
nessas regiões por causa de uma combinação entre as baixas taxas de evaporação
.Essa região desértica exibe uma topografia de bacias-e-cadeias, na qual muitas
áreas baixas e achatadas (bacias) são interrompidas por cadeias isoladas de
montanhas. As mudanças eustáticas e isostáticas no nível do mar
alteraram muito as oportunidades de troca biótica tanto para biotas terrestres,
quanto para as marinhas. A troca biótica de organismos marinhos freqüentemente
tendia a ser assimétrica ,dependendo do tamanho e da diversidade de cada
espécie do conjunto e também das correntes oceânicas ,além de outros fatores
que influenciaram a dispersão.
No entanto, muitas linhas recentes de
evidências sugerem que essas evidências tropicais úmidas passaram por marcantes
mudanças climáticas de modo que variaram muito quanto à sua distribuição dentro
dos últimos 40.000 anos, algumas vezes sendo bem mais restritas do que são
hoje. Dentro da Bacia Amazônica, que atualmente abriga a mais extensa e
contínua floresta úmida do mundo, os pesquisadores encontraram centros de
grande riqueza de espécies e endemismo relativamente alto tanto para plantas,
quanto para animais.Haffer, por exemplo,identificou seis áreas principais nas
quais 150 espécies de pássaros são estreitamente restritas. A
formação e o desenvolvimento de geleiras fragmentaram as amplitudes contínuas
das espécies ao Norte, promovendo suas divergências evolutivas em santuários
isolados. Por outro lado, o elevado endemismo dos antigos santuários glaciais
pode ser decorrente, pelo menos em parte, da incapacidade de muitas espécies em
invadir esses sítios.
A hipótese da matança excessiva
pré-histórica ou pleistocênica afirma que os humanos foram os responsáveis pela
extinção em massa dos grandes mamíferos herbívoros (acima de 50kg) e dos
carnívoros e necrófagos que deles dependiam ,após o recuo das geleiras
Wisconsianas. São várias as evidências que apóia esse cenário.
Primeiro: evidências fósseis mostram que os humanos pré-históricos e os grandes
mamíferos coexistiam nas Américas e que as pessoas caçaram os herbívoros
extintos. Segundo: as extinções do Wisconsiniano Superior na América do Norte
não eram aleatórias. Terceiro: os imigrantes da Beríngia e da Eurasia,
incluindo caribus, alces, veados e ovelhas, conviviam melhor com os humanos do
que as espécies nativas. Quarto:as extinções de grandes mamíferos parecem ter
começado no Norte e depois sistematicamente em direção ao Sul.
A eliminação da maioria dos
grandes mamíferos e aves tem sido um dos mais importantes eventos da história
relativamente recente das biotas terrestres. Não apenas esses próprios animais
experimentaram reduções em suas populações e amplitudes geográficas, culminando
em suas extinções, mas seus desaparecimentos também podem ter tido efeitos
importantes em outras espécies
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