domingo, 19 de julho de 2015

A EXTINÇÃO DOS PROFESSORES

O ano é 2.020 D.C. – ou seja, daqui a cinco anos – e uma conversa entre avô e neto tem início a partir da seguinte interpelação:
– Vovô, por que o mundo está acabando?
A calma da pergunta revela a inocência da alma infante. E no mesmo tom vem a resposta:
– Porque não existem mais PROFESSORES, meu anjo.
– Professores? Mas o que é isso? O que fazia um professor?
O velho responde, então, que professores eram homens e mulheres elegantes e dedicados, que se expressavam sempre de maneira muito culta e que, muitos anos atrás, transmitiam conhecimentos e ensinavam as pessoas a ler, falar, escrever, se comportar, localizar-se no mundo e na história, entre muitas outras coisas. Principalmente, ensinavam as pessoas a pensar.
– Eles ensinavam tudo isso? Mas eles eram sábios?
– Sim, ensinavam, mas não eram todos sábios. Apenas alguns, os grandes professores, que ensinavam outros professores, e eram amados pelos alunos.
– E como foi que eles desapareceram, vovô?
– Ah, foi tudo parte de um plano secreto e genial, que foi executado aos poucos por alguns vilões da sociedade. O vovô não se lembra direito do que veio primeiro, mas sem dúvida, os políticos ajudaram muito. Eles acabaram com todas as formas de avaliação dos alunos, apenas para mostrar estatísticas de aprovação. Assim, sabendo ou não sabendo alguma coisa, os alunos eram aprovados. Isso liquidou o estímulo para o estudo e apenas os alunos mais interessados conseguiam aprender alguma coisa.
Depois, muitas famílias estimularam a falta de respeito pelos professores, que passaram a ser vistos como empregados de seus filhos. Estes foram ensinados a dizer “eu estou pagando e você tem que me ensinar”, ou “para que estudar se meu pai não estudou e ganha muito mais do que você” ou ainda “meu pai me dá mais de mesada do que você ganha”. Isso quando não iam os próprios pais gritar com os professores nas escolas. Para isso muito ajudou a multiplicação de escolas particulares, as quais, mais interessadas nas mensalidades que na qualidade do ensino, quando recebiam reclamações dos pais, pressionavam os professores, dizendo que eles não estavam conseguindo “gerenciar a relação com o aluno”. O professores eram vítimas da violência – física, verbal e moral – que lhes era destinada por pobres e ricos. Viraram saco de pancadas de todo mundo.
Além disso, qualquer proposta de ensino sério e inovador sempre esbarrava na obsessão dos pais com a aprovação do filho no vestibular, para qualquer faculdade que fosse. 
“Ah, eu quero saber se isso que vocês estão ensinando vai fazer meu filho passar no vestibular”, diziam os pais nas reuniões com as escolas. E assim, praticamente todo o ensino foi orientado para os alunos passarem no vestibular. Lá se foi toda a aprendizagem de conceitos, as discussões de idéias, tudo, enfim, virou decoração de fórmulas. Com a Internet, os trabalhos escolares e as fórmulas ficaram acessíveis a todos, e nunca mais ninguém precisou ir à escola para estudar a sério.
Em seguida, os professores foram desmoralizados. Seus salários foram gradativamente sendo esquecidos e ninguém mais queria se dedicar à profissão. Quando alguém criticava a qualidade do ensino, sempre vinha algum tonto dizer que a culpa era do professor. As pessoas também se tornaram descrentes da educação, pois viam que as pessoas “bem sucedidas” eram políticos e empresários que os financiavam, modelos, jogadores de futebol, artistas de novelas da televisão – enfim, pessoas sem nenhuma formação ou contribuição real para a sociedade.

Fonte: http://mariotextos.blogspot.com.br/2012/04/extincao-dos-professores.html

sábado, 18 de julho de 2015

VOCÊ SABE O QUE É SENSAÇÃO TÉRMICA?


Muitas vezes quando informamos a temperatura de um determinado local, muitos se questionam: “será que o valor está correto? Está mais frio do que isso!”. Em muitas ocasiões desconfiamos do valor dos termômetros, pois não conseguimos ligar o número apresentado ao que estamos sentindo. Percebemos as temperaturas e o ambiente de forma única, mas a meteorologia consegue aproximar o valor real do termômetro a algo mais parecido com o que estamos vivenciando: a sensação térmica. Vamos tentar, nesta matéria, esclarecer um pouco mais este assunto.

TEMPERATURA DO AR 
Em primeiro lugar, vamos falar sobre como as temperaturas são registradas. Há uma regulamentação internacional da OMM (Organização Meteorológica Mundial), órgão ligado à Organização das Nações Unidas que nos diz como um termômetro meteorológico deve ser instalado, lido e aferido. Essas normas têm de ser cumpridas no mundo inteiro, de forma que possamos comparar os valores um com o outro.
Há dois tipos de instalação de termômetros: uma convencional, que necessita da leitura de um profissional da área, e um automático. O termômetro de estação convencional é um conjunto de aparelhos bem parecidos com aqueles termômetros caseiros de medir a febre: um tubo de vidro com alguma substância que percorre uma escala, dependendo da temperatura.
Normalmente há um termômetro regulado para a temperatura mínima, que é bem sensível, outro para a temperatura máxima e outros dois destinados a registrar a temperatura do ar seco e do ar úmido. Nesta instalação, há mais regras cumpridas como a altura em relação ao solo, a obrigatoriedade de proteger o conjunto da chuva e do sol direto, mas que libere a passagem do vento. Ainda, um observador meteorológico faz a leitura pessoalmente, em horários determinados e transmite a informação para os órgãos competentes.
A outra instalação, a automática é feita com sensores modernos. Uma única caixa de sensores bem protegidos consegue aferir a variação da temperatura praticamente durante 24 horas por dia e normalmente a distribuição destas informações para os institutos de meteorologia é bastante rápida. 
Com todos estes cuidados, podemos estudar e comparar as temperaturas reais registradas.

SENSAÇÃO TÉRMICA 
A sensação térmica é um cálculo complexo da temperatura mais próxima do que sentimos na pele, baseado no próprio valor da temperatura do ar e também nos valores de umidade relativa e/ou da intensidade do vento. Você pode relembrar o que o meteorologista Celso Oliveira explicou sobre a umidade relativa do ar, clicando aqui.
Na prática, este cálculo nos informa um número de temperatura mais próximo do real. Além disso, existem diversas fórmulas matemáticas, levando em consideração somente o vento, ou somente a umidade, entre outros.
A fórmula mais utilizada é convertida em uma tabela (abaixo), e leva somente em consideração a informação do vento (índice de resfriamento). Vamos imaginar que a temperatura real do termômetro é 10ºC e o vento de 30km/h. Nesta tabela, podemos notar que a sensação térmica nesta situação pode chegar a zero grau, que está marcado em amarelo.


Quando o vento fica mais forte, é fácil imaginar que ele vai nos refrescar num dia quente ou então nos congelar em dias frios. Mas e quando temos vento fraco e a umidade alta? Esta tabela já não contempla essa parte. Assim, utiliza-se uma fórmula complementar chamada de índice de calor. Vamos ver um exemplo:
Temperatura real: 34ºC
Vento: 12km/h
Umidade relativa: 66%
Sensação térmica calculada: 44,8ºC
Com certeza a pessoa que está sob o sol a pino nesta situação está percebendo muito mais os 44,8ºC do que os 34ºC. E temos que considerar também as reações pessoais de cada um com o meio ambiente. Alguns suportam mais o frio e outros mais o calor. Assim, este número mesmo que reflita numa percepção melhor, nunca representará o mesmo para todas as pessoas.

TERMÔMETRO DE RUA
Aqui temos que fazer uma consideração com os termômetros de rua ou termômetros meteorológicos caseiros. Na maioria das vezes, os sensores que compõem estes instrumentos ficam totalmente expostos ao sol e à chuva, e podem receber calor do asfalto ou de uma parede. Nesta situação, os materiais que ficam à mercê das condições atmosféricas acabam por exagerar na temperatura. É muito comum recebermos relatos de que o termômetro que a pessoa comprou ou que viu na rua marca 42ºC, mas que reportamos apenas 33ºC, por exemplo. Mas não podemos fazer esta comparação direta, já que tais termômetros não seguem a regulamentação da OMM. O que podemos dizer é que estes aparelhos mostram algo mais próximo à sensação térmica.

Fonte: Patricia Vieira   Técnica em meteorologia pela FVE-UNIVAP

quarta-feira, 8 de julho de 2015

DERIVA CONTINENTAL

A teoria da deriva continental foi apresentada pelo geólogo e meteorologista alemão Alfred Wegener  em 1915, com a publicação de sua obra clássica A Origem dos Continentes e Oceanos (Die Entstehung der Kontinente und Ozeane ). Wegener afirmava que os continentes, hoje separados por oceanos, estiveram unidos numa única massa de terra no passado, por ele denominado de Pangeia (do grego "toda a Terra"), do Carbonífero superior, há cerca de 300 milhões de anos, ao Jurássico superior, há cerca de 150 milhões de anos, quando a Laurásia (atuais América do Norte e Eurásia) separou-se do Gondwana, que depois também dividiu-se, já no Cretáceo inferior.


Muito tempo antes de Wegener, outros cientistas notaram este fato. A ideia da deriva continental surgiu pela primeira vez no final do século XVI, com o trabalho do cartógrafo Abraham Ortelius. Na sua obra de 1596, Thesaurus Geographicus, Ortelius sugeriu que os continentes estiveram unidos no passado. A sua sugestão teve origem apenas na similaridade geométrica das costas atuais da Europa e África com as costas da América do Norte e do Sul; mesmo para os mapas relativamente imperfeitos da época, ficava evidente que havia um bom encaixe entre os continentes. A ideia, evidentemente, não passou de uma curiosidade que não produziu consequências.

Outro geógrafo, Antonio Snider-Pellegrini, utilizou o mesmo método de Ortelius para desenhar o seu mapa, com os continentes encaixados, em 1858 . Como nenhuma prova adicional foi apresentada, além da consideração geométrica, a ideia foi novamente esquecida. A similaridade entre os fósseis encontrados em diferentes continentes, bem como entre formações geológicas, levou alguns geólogos do hemisfério sul a acreditar que todos os continentes já estiveram unidos, na forma de um supercontinente.

A hipótese da deriva continental tornou-se parte de uma teoria maior, a teoria da tectônica de placas. Este artigo trata do desenvolvimento da teoria da deriva continental antes de 1950.

A DERIVA DOS CONTINENTES

A crosta terrestre é formada de pedaços chamados placas tectônicas, que andam à deriva sobre a camada de rocha fundida do manto. Há sete placas principais e várias outras menores. As forças magnéticas do interior da Terra fazem com que as placas se desloquem lentamente pelo globo, em um vai e vem constante. 
Os geólogos pensam que há cerca de 225 milhões de anos toda a terra deste planeta estava unida num "supercontinente", a que chamaram Pangeia. Mas, à medida que as placas se deslocaram, a terra deste supercontinente começou lentamente a separar-se. Chama-se a este movimento a deriva dos continentes. Os mapas mostram o que os geólogos pensam sobre o modo como os continentes se deslocaram e se afastaram, até formarem as massas de terra que conhecemos atualmente.

No hemisfério sul, há cerca de 150 milhões de anos, no período chamado Jurássico, as correntes de convecção dividiram em pedaços o megacontinente Gondwana. Elas fraturaram a crosta terrestre e separaram a América do Sul, África, Austrália, Antártica e Índia. Nas regiões de Gondwana, que hoje são Brasil e África, as correntes de convecção formaram fissuras e fraturas na crosta terrestre, o que gerou derramamento de lava. A ação contínua dessas forças também rompeu completamente a crosta terrestre e formou o oceano Atlântico. Porém, ele não parecia o vasto mar que é hoje: a fragmentação de Gondwana formou apenas um pequeno oceano, que só cresceu quando Brasil  e África começaram a se afastar de forma gradual há, aproximadamente, 135 milhões de anos. Tal ideia está presente na teoria da deriva continental, que foi apresentada em 1912 pelo cientista meteorologista alemão Alfred Lothar Wegener. A teoria só foi comprovada 10 anos após a morte de Wegener.

ARGUMENTOS:


  • Morfológicos - Wegener apercebeu-se da complementaridade existente entre a costa ocidental da África com a costa oriental da América do Sul, e, mais tarde, entre outros continentes separados atualmente. 
  • Paleontológicos - Fósseis de seres vivos de uma mesma espécie foram encontrados em locais que distam atualmente milhares de quilômetros, estando ainda separados por oceanos. Devido às suas características, assume-se que seria extremamente difícil que estes seres vivos tivessem percorrido estas distâncias ou atravessado os oceanos. Para além disso, cada espécie desenvolve-se num determinado habitat, o que implica que os locais afastados estiveram outrora em zonas mais próximas do planeta, pois teriam de ter o mesmo clima para possuir as mesmas espécies. 
  • Paleoclimáticos - Os sedimentos glaciares só se formam em zonas de grandes altitudes e baixas temperaturas - pólos. No entanto, foram encontrados estes sedimentos em zonas como a África do Sul ou Índia, indicando que estes locais já se encontraram outrora próximos do Pólo Sul, e que, entretanto, se afastaram - mantendo os registros rochosos. 
  • Litológicos - Rochas encontradas na América do Sul e África, com a mesma idade, são semelhantes (por exemplo, formadas pelos mesmos minerais). Para que isto aconteça, tiveram de estar expostas aos mesmos fenómenos de formação de rochas. Pelo contrário, as rochas formadas atualmente nesses locais apresentam características diferentes. Existe ainda continuidade de formações rochosas entre as duas costas - como, por exemplo, cordilheiras montanhosas.